Uma voz para a liderança com impacto
Berta Montalvão é um dos nomes mais relevantes quando falamos em liderança intercultural e desenvolvimento humano no espaço lusófono. Com uma carreira internacional que atravessa quatro continentes e mais de 20 anos de experiência em consultoria e direção de recursos humanos, Berta leva ao palco o que viveu no terreno: da fundação da FORSAE – Growing Value, em Timor-Leste, ao trabalho com comunidades locais, multinacionais e ONG’s. O seu discurso cruza gestão estratégica com sensibilidade cultural e visão transformadora, criando uma ligação direta com públicos diversos e exigentes.
Luso-timorense, iniciou o seu percurso em Portugal e assumiu, ainda jovem, o desafio de trabalhar em Angola — onde se apaixonou pela cultura e permaneceu mais de uma década. Foi consultora na PwC, diretora de RH no setor do retalho e membro da comissão executiva, liderando projetos de grande escala com equipas multiculturais. Em 2018 fundou a FORSAE – Growing Value, uma consultora sediada em Timor-Leste, onde desenvolveu projetos estratégicos em contexto local. Em 2023, regressou a Portugal para iniciar o seu doutoramento no ISEG, com uma investigação sobre os retornos da emigração portuguesa em Angola no novo milénio. É autora do livro Carreiras Lusófonas – Experiências e Desafios da Migração, membro da comissão executiva da Confederação Empresarial da CPLP, e vencedora do Prémio de Mérito dos Países de Língua Portuguesa. Um perfil singular que combina liderança prática com pensamento académico e compromisso cívico.
PALAVRAS-CHAVE
Liderança Feminina, Desenvolvimento Humano, Diversidade Cultural, Gestão Internacional, Espaço Lusófono
A força invisível das carreiras lusófonas



O palco de Berta Montalvão é construído com muitas vozes — a sua e a de tantos profissionais lusófonos cujas trajetórias cruzam países, culturas e obstáculos invisíveis. No livro Carreiras Lusófonas, recolheu e analisou essas experiências, trazendo à luz o potencial humano que circula dentro da comunidade de língua portuguesa. Em palco, transforma esses testemunhos em reflexão viva sobre pertença, equidade, mobilidade e talento invisível. Ao abordar temas como a liderança intercultural, a reintegração de profissionais migrantes ou a valorização das trajetórias fora do eixo eurocentrado, Berta convoca empresas, instituições e decisores a repensar os modelos atuais. A sua visão é direta e transformadora: o futuro das organizações está nas histórias que ainda não ouvimos — e nas pontes que estamos dispostos a construir.
Com clareza e autoridade, revela como a valorização destes percursos pode transformar a forma como olhamos o talento, o investimento e o desenvolvimento entre países que partilham uma língua — e muito mais do que isso. Nas suas intervenções, partilha casos, histórias e práticas que mostram como o capital humano pode ser o maior ativo de qualquer organização — quando verdadeiramente compreendido, respeitado e capacitado. Mais do que falar de talento, fala de pessoas. Mais do que apontar metas, fala de caminho. E é isso que a torna uma voz cada vez mais necessária nos espaços de liderança global.
Uma carreira n ão se mede apenas em cargos ou geografias, mas no impacto real que deixamos — e no valor que ajudamos a crescer.
Berta Montalvão
De Timor ao mundo: pensar global, agir local
Aos 24 anos, Berta Montalvão trocou Portugal por Angola. Fê-lo por convicção, por desejo de viver com mais intensidade aquilo que sempre procurou: desafios com sentido. Nunca mais voltou de verdade. De Angola para Timor, de Timor para o mundo, construiu uma carreira que rompe padrões e se escreve em muitos mapas, línguas e encontros. Berta fundou a FORSAE com um objetivo claro: devolver à sociedade tudo o que aprendeu enquanto executiva e cidadã do mundo. Mas o que faz desta líder uma oradora distinta é a capacidade de provocar — com doçura e rigor — uma conversa séria sobre o lugar das mulheres nas decisões, sobre o valor da experiência em terreno, e sobre a ética de quem gere pessoas em ambientes complexos.
Berta fala de escuta, de coragem, de limites — e de tudo o que ainda está por fazer. Questiona narrativas estabelecidas, propõe novos modelos de impacto e leva-nos a refletir sobre o que realmente significa “liderar com consciência global”. Mostra como é possível levar inovação social e empresarial a regiões onde o desenvolvimento sustentável ainda é um desafio. Mais do que uma intervenção, os seus encontros são sempre um convite a agir com verdade e visão.



Berta responde
Porque é que o teu tema é essencial nos dias de hoje?
Berta Montalvão: Num mundo onde os desafios sociais, económicos e culturais se tornam cada vez mais complexos e interligados, as organizações não podem continuar a liderar com modelos desconectados das realidades humanas. Os temas que abordo, como a liderança intercultural, o fenómeno das carreiras lusófonas ou a diversidade cultural e cognitiva na gestão das organizações, são essenciais porque ajudam empresas e decisores a compreender e valorizar o capital humano, não apenas do ponto de vista profissional (e visível nos CVs), mas também na sua dimensão pessoal e social. Falar destas questões no espaço lusófono é também afirmar a importância de construir pontes dentro desta comunidade, reconhecendo o potencial único das histórias, competências e experiências que a unem. No fundo, o meu tema é essencial porque trata de pessoas — e nenhuma estratégia empresarial é sustentável sem pessoas diversas, motivadas e capacitadas para contribuir ativamente para os resultados pretendidos.
Que impacto concreto o teu trabalho já teve em empresas ou pessoas que assistiram às tuas palestras?
Berta Montalvão: Esta consciência para uma liderança intercultural surgiu quando criei o meu próprio negócio e, sobretudo, quando trabalhei em Timor-Leste, em 2018. Colaborar com comunidades locais e ONG diversas mostrou-me que a diversidade cognitiva e a interculturalidade têm de ser valorizadas todos os dias, com políticas e práticas concretas. Essa experiência, entre outras, levou-me a escrever o meu livro Carreiras Lusófonas, no qual partilho histórias reais de migração e superação que inspiram líderes e equipas a agir de forma mais inclusiva e estratégica. Desde então, penso ter conseguido agregar valor a quem me acompanha e ouve, através da definição de políticas mais inclusivas para migrantes e mulheres e, de ações de sensibilização às lideranças para uma gestão de talentos multiculturais. Recebo frequentemente feedback de pessoas que se sentem inspirados a agir de forma diferente — seja revendo um processo de recrutamento, seja revendo a forma como comunicam com as suas equipas. O efeito mais comum que me atribuem é “mobilizador e transformador”.
Que insights ou mudanças imediatas o público pode esperar ao assistir à tua palestra?
Berta Montalvão: O público sai das minhas palestras com maior consciência dos desafios e da coragem necessários para liderar em ambientes complexos e multiculturais. As pessoas reconhecem o valor e a importância das experiências que partilho, percebem como transformar vulnerabilidades em força e capacidades, e descobrem novas formas de olhar para o talento nas suas equipas. Além da inspiração, levo sempre exemplos concretos e histórias reais que geram empatia e ajudam os participantes a aplicar novas atitudes nas suas decisões e forma de liderar. O que prometo é que cada pessoa sai com um compromisso claro: agir de forma mais consciente e humana.
